"Passou.
Esquece.
Não carrega na bagagem.
Não transforma em futuro o que ficou preso ao passado.
Desapega.
Não se maltrata.
Não se exija.
Não se anule.
A vida se desenha, os novos dias trazem certezas, os sonhos se realizam e todo o resto acontece."
/Castelo de Sortelha
"Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus."
Eugénio de Andrade
Tabaco, café, álcool, ácido prússico, estricnina — todos não passam de poções diluídas: o mais infalível veneno é o tempo. Essa taça, que a natureza nos põe nos lábios, possui uma propriedade maravilhosa que supera qualquer outra bebida. Ela abre os sentidos, adiciona poder e povoa-nos de sonhos exaltados, a que chamamos esperança, amor, ambição, ciência. Em particular, ela desperta o desejo por maiores doses de si. Mas aqueles que tomam as maiores doses ficam embriagados, perdem estatura, força, beleza e sentidos, e terminam em fantasia e delírio. Nós adiamos o nosso trabalho literário até que tenhamos maturidade e técnica para escrever, mas um dia descobrimos que o nosso talento literário não passava de uma efervescência juvenil que perdemos.
Ralph Waldo Emerson, in "Old Age"
"Eu e meu querido marido, John, eramos casados há 46 anos. Todos os anos no dia dos namorados ele me enviava as mais lindas flores com um bilhete contendo cinco simples palavras: "Meu amor por você cresce."
4 filhos, 46 buquês de flores e uma vida inteira de amor era o legado de John para mim, quando ele faleceu há dois anos atrás.
No meu primeiro dia dos namorados sem o John, dez meses depois que ele morreu, fiquei chocada quando recebi um lindo buquê de flores... como os que John me mandava.
Irritada e com o coração partido, eu liguei para a loja de flores para dizer que eles tinham se enganado e mandado flores para o endereço errado, logo após eu falar isso o Floricultor me respondeu "Não madame, não foi engano. Antes de falecer, seu marido nos pediu para que nós garantismos que você continuasse recebendo os buquês de flores no dia dos namorados por muitos anos." Com o coração na mão, eu desliguei o telefone e fui ler o bilhete que estava no buquê de flores. No cartão dizia: "Meu amor por você é eterno."
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