"Escuta, Amor
Quando damos as mãos, somos um barco feito de oceano, a agitar-se sobre as ondas, mas ancorado ao oceano pelo próprio oceano. Pode estar toda a espécie de tempo, o céu pode estar limpo, verão e vozes de crianças, o céu pode segurar nuvens e chumbo, nevoeiro ou madrugada, pode ser de noite, mas, sempre que damos as mãos, transformamo-nos na mesma matéria do mundo. Se preferires uma imagem da terra, somos árvores velhas, os ramos a crescerem muito lentamente, a madeira viva, a seiva. Para as árvores, a terra faz todo o sentido. De certeza que as árvores acreditam que são feitas de terra."
José Luís Peixoto, in 'Abraço'
/Fiesa 2010
"No fundo, é isso, a solidão: envolvermo-nos no casulo da nossa alma, fazermo-nos crisálida e aguardarmos a metamorfose, porque ela acaba sempre por chegar."
August Strindberg
/Parque das Nações
/Gouveia
Destino
"Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nos queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-proprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam."
Fernando Pessoa - Destino
/Gouveia
Se eu fosse uma cor seria o verde, porque é a cor do equilíbrio e a da esperança.
Se eu fosse um sentimento seria o amor.
Se eu fosse um objeto seria uma máquina fotográfica, para guardar todos os momentos.
Se eu fosse um mês seria qualquer um dos meses da Primavera, florido e colorido.
Se eu fosse uma letra seria o F, de felicidade.
Se eu fosse um número seria o 31, porque é o meu número da sorte.
Se eu fosse uma flor seria uma rosa, porque é o meu apelido.
Se eu fosse uma fruta seria uma cereja, porque simplesmente adoro.
Se eu fosse um animal seria um gato, meigo e assanhado.
Se eu fosse uma hora do dia seria o nascer e o por do sol, com a sua beleza incalculável.
Se eu fosse uma palavra seria Liberdade.
Se eu fosse um verbo seria Acreditar.
Se eu fosse uma frase seria "Se vamos ter rugas, que seja de tanto sorrir".
Se eu fosse uma parte do corpo seria os olhos, falam sem palavras.
Se eu pudesse mudar alguma coisa na minha vida, não mudava nada, porque nada acontece por acaso.
Se eu não fosse eu, seria uma estrela.
Quem sou eu?
Ninguém em particular.
Mais importante para uns, menos importante para outros, sou eu, Alexandra, ou Caracol, se assim o preferirem.
"Eu... eu... nem eu mesmo sei, nesse momento... eu... enfim, sei quem eu era, quando me levantei hoje de manhã, mas acho que já me transformei várias vezes desde então."
Lewis Carroll
"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesmo compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se não sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!"
Florbela Espanca - Alma
/Gouveia
"O que é o homem na natureza? Um nada em relação ao infinito, um tudo em relação ao nada, um ponto a meio entre nada e tudo."
Blaise Pascal
/Gouveia
"É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada."
Alberto Caeiro - É Talvez o Último Dia da Minha Vida
/Sacavém
/Gouveia
"Vês há sempre outro lado em ti
Que teima não acordar
Por esperar sempre o pior
Mas pinta um final feliz
E faz com que toda gente veja o teu final"
Klepht - Erros por defeito
"Asas servem para voar,
Para sonhar, ou para planar
Visitar, espreitar, espiar,
Mil casas do ar."
GNR - Asas
"Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz. Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim."
Clarice Lispector
/Sesimbra
"A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa.
- Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma.
Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos,
os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!"
O Principezinho
/fotografias de Ricardo Reis
"Morre lentamente quem evita uma paixão , quem prefere o preto sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos".
Martha de Medeiros
"Enquanto caía a terra rachou
E eu via a queda ainda mais funda
Ao meu lado passava tudo o que passei
Comigo a miragem que nada mudou
Do voo rasante que nem começou
Do tempo apressado que nem reparei
Sinto os meus gestos flutuar, devagar
No último segredo antes do ódio
À minha frente um filme de aves sem voz
E quando as toquei resolvi gostar
Quando as ouvi fiquei a amar
Ter tentado subir ao cimo de nós"
Toranja - Lados Errados
/fotografia de Ricardo Reis
"Hoje, só por ser Outono, vou chamar-te "meu amor"
Contra as regras do que somos,
vou chamar-te "meu amor"
Hoje só por ser diferente te encontrar"
Tiago Bettencourt - Outono
Verde, castanho, amarelo, a química das cores de Outono.
O Outono é outra Primavera, cada folha uma flor.
"Na noite de Lisboa só os morcegos não conseguem voar. Nesta electricidade, os pólos opostos provocam inesperados contactos e curto-circuitos. Os insectos, descontroladamente seduzidos, volteiam em torno das lâmpadas. E há peixes cegos seguindo o próprio desejo e os sentimentos mais exclusivos. Depois, «chegou ao fundo a falua dos beijos / Quem sair dela será o rei do mar», como escreveu o príncipe da noite de Lisboa, Mário Cesariny. Porque a noite elege os seus próprios reis e princesas. Assiste-se a permanentes actos de coroação. A noite dispõe de seus paramentos e códigos. Depois, esmorecida, vai abandonando os seus personagens. Nas portas dos bares, os barris vazios de cerveja. Os gatos que atravessam fugidiamente as praças. Sobe do Tejo e com pezinhos de lã, a luz do amanhecer. Recua a electricidade. O dia requisita a razão e os braços que envolviam um corpo amado. Nem tempo nos dá para agradecer os sonhos. Aumenta o trânsito e engarrafa na primeira esquina. Regressas às frases feitas a boca dormente pelo longo beijo da noite que se retirou para repousar. Voltará mais logo. E sempre. E, talvez nos traga uma lua enorme para compensar."
Manuel Hermínio Monteiro Noite, a falua dos beijos
Padrão dos Descobrimentos
Rotunda do Marquês de Pombal
Terreiro do Paço
Vista do Castelo de São Jorge
"Ó céu azul - o mesmo da minha infância -
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
...
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta."
Fernando Pessoa
Num fim de semana muito bem passado na terra a minha amiga Maria, em Alvaiázere, Tomar, estas foram algumas das recordações que vieram dentro da minha caixinha mágica!
"A fotografia só por si não me interessa… mas a reportagem sim, a comunicação entre o mundo e o Homem com este instrumento maravilhoso do tamanho da mão que nos faz pensar despercebidos. E assim participamos. É uma dança. Entende? É uma grande alegria fotografar assim."
HENRI CARTIER-BRESSON: Point d’Interrogation
"Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância.
O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado."
William Shakespeare
"(...) É por isso que adorava estar contigo. Fazíamos coisas muito simples, como atirar estrelas-do-mar ao mar ou partilhar um hambúrguer, e já nessas alturas eu sabia que era uma afortunada. Porque tu eras o primeiro tipo que não estava sempre a tentar impressionar-me. Aceitavas-te como eras, mas, mais do que isso, aceitavas-me por aquilo que eu era. E mais nada importava: nem a minha família, nem a tua família, nem qualquer outra coisa do mundo. O que importava era só nós os dois. (...) Acho que nunca me senti tão feliz como naquele dia, mas também era sempre assim quando estávamos juntos. Só me apetecia que aquilo nunca acabasse."
Dei-te o melhor de mim, Nicholas Sparks
Gostava de conhecer a vida de um mendigo, de saber o que é que o levou a chegar a este ponto.
Droga, álcool, dividas, pobreza...
Gostava de conhecer o estilo de vida, o que sentem quando chove, quando está frio, quando está calor, em que pensam quando o sol se põe, com o que é que sonham.
Gostava de conhecer como era a vida deles antes de chegarem aquele ponto, se eram felizes, se tinham família, emprego, ambições, como imaginam de que será o futuro deles.
Gostava de saber o que lhes passa na cabeça quando alguém passa por eles, quando olham em volta, se têm realmente noção da vida que levam, ou se já passaram "para o outro lado".
Gostava de saber se falam sozinhos ou se a sua mente entorpecida os leva a imaginar pessoas que só eles vêm.
Gostava de saber se nesta vida conseguem ter algum instante de felicidade, se sentem a solidão.
Gostava de ter a capacidade de conseguir fazer algo por eles, mas confesso, sou demasiado egoísta para isso, eu e infelizmente a grande maioria das pessoas que só se preocupam com o seu próprio umbigo.
Gostava (ou será que não gostava?) de conhecer...
Gostava de ter coragem de me sentar ao lado de um deles e fazer-lhes todas estas perguntas..
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